terça-feira, 29 de julho de 2014

Salmo 119:89-96

Algumas características da Palavra de Deus, extraídas do Salmo que tanto fala dela.


89. Para sempre, — Senhor, a Tua palavra permanece no céu.

A Palavra de Deus é celestial.

a) É tão eterna quanto a habitação de Deus: “Para sempre … permanece no céu”. Estava no coração de Deus antes da fundação do mundo, e mesmo quando os céus e a terra tiverem passado, as Suas palavras ainda permanecerão (Mt 24:35).

b) É tão permanente quanto a habitação de Deus. Os perseguidores têm queimado milhões de Bíblias; os críticos têm atacado e lançado dúvidas sobre todos os livros dela, mas ainda é indestrutível, pois “permanece no céu”. Cada promessa e cada profecia está escrita no céu, e portanto será cumprida sem falta. Mas convém observar também que cada preceito e cada princípio da vida cristã também “permanece no céu”. Embora que nós esqueçamos do nosso dever, Deus nunca Se esquece…

90. A Tua fidelidade dura de geração em geração; Tu firmaste a terra, e permanece firme.

A Palavra de Deus é universal.

a) É universal porque fala a todas as gerações em todos os tempos. Na Bíblia vemos como Ele foi fiel aos patriarcas e profetas, como Ele foi fiel à nação de Israel, e aos apóstolos e crentes do século primeiro. Porém a Sua fidelidade não foi só para eles; a própria Palavra de Deus, aqui neste versículo, diz-nos que a fidelidade do Senhor é “de geração em geração”. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel” (II Tm 2:13).

b) É universal porque abrange toda a criação. É a palavra do Criador, que “suspendeu a terra sobre o nada” (Jó 26:7) e “disse que das trevas resplandecesse a luz” (II Co 4:6), e que ainda sustenta “todas as coisas pela palavra do Seu poder” (Hb 1:3). Ele firmou a terra e permanece firme; se confiarmos nEle, nós também seremos firmes e inabaláveis.

91. Eles continuam até ao dia de hoje, segundo as Tuas ordenações; porque todos s‹o Teus servos.

A Palavra de Deus é autoritária.

a) Este fato exige submissão. Num sentido, todas as criaturas são servas dEle e estão sob a autoridade da Sua Palavra, pois “por Sua vontade são e foram criadas” (Ap 4:11). Quanto mais aqueles que Ele “comprou por bom preço” (I Co 6:20). Será que lemos Sua Palavra para receber as ordens do Senhor? Será que temos por privilégio servi-Lo? Pois “a Cristo, o Senhor, servis” (Col. 3:24).

b) Este fato envolve responsabilidade também, pois “requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel” (I Co 4:2), e “o fogo provará qual seja a obra de cada um” (I Co 3:13).

92. Se a Tua lei não fora a minha recreação, há muito que pereceria na minha aflição.

A Palavra de Deus é consoladora.

Neste Salmo o autor fala sete vezes das aflições:

a) v. 50: “Isto é a minha consolação na minha aflição, porque a Tua Palavra me vivificou.” A Palavra de Deus o sustentou nas aflições.

b) v. 67: “Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a Tua Palavra”. A Palavra de Deus revelou o porquê de suas aflições.

c) v. 71: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os Teus estatutos”. A Palavra de Deus tornou-se mais importante para ele através das aflições.

d) v. 75: “Bem sei eu, ó Senhor, que os Teus juízos são justos, e que segundo a Tua fidelidade me afligiste”. A Palavra de Deus lhe ensinou a apreciar a justiça e fidelidade de Deus nas aflições.

e) v. 92: veja acima. A Palavra de Deus conserva o ânimo dele nas aflições.

f) v. 107: “Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a Tua Palavra”. A Palavra de Deus revela o Senhor como Consolador nas aflições.

g) v. 153: “Olha para a minha aflição, e livra-me, pois não me esqueci da Tua Lei”. A Palavra de Deus incentiva-o à oração em meio das aflições.

93. Nunca me esquecerei dos Teus preceitos; pois por eles me tens vivificado.

A Palavra de Deus é vivificadora.

“Vivifica-me, Senhor”, é uma petição que ocorre muitas vezes neste Salmo. Evidentemente a palavra “vivificar” aqui significa não somente a comunicação de vida espiritual, mas também a manutenção dela, e a revivificação dela quando estiver em decadência. Nenhuma destas coisas vem independentemente da Palavra de Deus. Se nos encontrarmos afastados do Senhor, é só pela Sua Palavra que acharemos o caminho de volta.

Um exemplo disso se encontra neste Salmo. No v. 25 o salmista reclama: “A minha alma está pegada ao pó”, sentindo que as coisas terrenas, os cuidados e prazeres deste mundo, estavam apagando sua vida espiritual, e então ora: “vivifica-me segundo a Tua Palavra”. Evidentemente esta oração foi atendida, pois diz, logo depois, no v. 31: “Apego-me [usando a mesma palavra traduzida ‘pegada’ no v. 25] aos Teus testemunhos, ó Senhor”.

94. Sou Teu, salva-me, pois tenho buscado os Teus preceitos.

A Palavra de Deus é salvadora.

Tanto pela sua profissão: “sou Teu”, como por seus interesses: “tenho buscado os Teus preceitos”, o salmista deixa claro que já é salvo. Sua petição, porém, ainda é: “salva-me”. Salvo já da culpa do pecado, ela ainda precisa de salvação do poder do pecado. E não só do pecado, mas também do erro, dos inimigos (a saber, o diabo, o mundo e a carne), das tentações, e dele mesmo! Ele reconhece a importância da Palavra de Deus neste respeito quando diz, no v. 11: “Escondi a Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra Ti”.

95. Os ímpios me esperam para me destruírem, mas eu considerarei os Teus testemunhos.

A Palavra de Deus é animadora.

O Salmista indica claramente qual é o caráter dos seus perseguidores: são “ímpios”, são pessoas que vivem sem temor de Deus e sem respeito à Sua Lei. No v. 53 ele afirma: “Grande indignação se apoderou de mim por causa dos ímpios que abandonam a Tua Lei”. Ele já tinha sofrido muito por causa deles: “Bandos de ímpios me despojaram” (v. 61), e agora se encontrou em grande perigo: “… me esperam para me destruírem”. Porém, nos testemunhos da Palavra de Deus, ele achou consolação: “mas eu considerarei os Teus testemunhos”.

A Bíblia testifica que Deus é soberano e justo, e sempre está controlando tudo. A Bíblia testifica que (como o Senhor Jesus ensinou Seus discípulos a orar) a vontade de Deus será feita aqui na terra como lá nos céus, e, conforme os propósitos dEle, haverá “novos céus e nova terra, em que habita a justiça” (II Pe 3:13). Assim, antecipando aquele tempo, no v. 119 deste Salmo, ele usa o “tempo passado de profecia” (indicando que seu cumprimento é tão certo como se já tivesse acontecido), e diz: “Tu tiraste da terra todos os ímpios, como a escória, por isso amo os Teus testemunhos”.

É assim que a Palavra de Deus nos anima em meio a nossa aflições e perseguições, revelando à nossa pouca fé as grandiosas e infalíveis promessas de Deus.

96. Tenho visto fim a toda a perfeição, mas o Teu mandamento é amplíssimo.

A Palavra de Deus é perfeita.

Se confiarmos nos homens, por mais religiosos e eruditos que sejam, seremos desapontados. Quando melhor, a justiça do homem é “como trapo de imundícia” (Isa. 64:6). Às vezes custa chegar a esta conclusão, mas é verdade: debaixo do céu, entre os homens, não há nada que seja digno de nossa esperança: “tenho visto o fim de toda a perfeição”.

Contudo, temos uma coisa perfeita, uma coisa que vem de Deus. É um Livro que fala com todas as gerações, todas as raças, pobres e ricos, em todos os tempos. É um Livro que dá instruções claras para toda a situação, que repreende, que corrige, que ensina, que anima, consola e adverte. Revela o que aconteceu antes que o homem existisse, e o que acontecerá quando o dia do homem já tiver passado. Revela que, através da história da raça humana, Deus está fazendo tudo “segundo o conselho da Sua vontade” (Ef 1:11).

“A Lei do Senhor é perfeita” (Sal. 19:7), Seu mandamento é “amplíssimo”. Então não é de admirar que no versículo seguinte o salmista exclama: “Oh! quanto amo a Tua Lei! É a minha meditação em todo o dia” (Sal. 119:97).

T. J. Blackman

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