terça-feira, 29 de julho de 2014

As bênçãos da Terra Prometida

O Egito, o deserto, e Canaã. Em qual dos três você está? Como sabemos se estamos vivendo no Canaã espiritual?


O cap. 5 de Josué é a ligação entre a travessia do Rio Jordão e a conquista de Jericó. Israel já está na terra prometida (atravessaram o Jordão no cap. 4), mas ainda não começou a lutar por esta terra (derrotarão Jericó no cap. 6).

O capítulo trata, basicamente, de três assuntos: circuncisão (vs. 1-9), celebração (vs. 10-12) e comunhão (vs. 13-15). Três coisas que o povo de Deus experimentou logo ao entrarem na terra prometida. Nosso objetivo neste artigo é simples: procurar despertar cada um de nós em relação a estas três coisas. Se estamos vivendo em Canaã, como Deus quer, estaremos experimentando estas coisas nas nossas vidas. Se estas coisas, porém, nos são estranhas, é sinal de que ainda estamos no deserto.

Mas alguém pergunta: “O que é isto, viver em Canaã e viver no deserto?” Estas coisas são “figuras, e estão escritas para aviso nosso” (I Co 10:11). O Egito é figura do mundo, e Canaã é figura do lugar onde Deus quer nos abençoar hoje. Não é figura do céu, pois lá não teremos que lutar como Israel lutou em Canaã. É uma figura do lugar de comunhão. Assim como o Egito não descreve um lugar físico, mas sim uma posição, assim também Canaã.

É interessante que, no caminho do Egito para Canaã, havia duas extensões de água (o Mar Vermelho e o Rio Jordão) e um deserto. Não pelo caminho mais curto, mas pelo caminho que Deus escolheu. Era possível ir do Egito a Canaã e não passar nem pelo Mar Vermelho, nem pelo Jordão, mas Deus quis que Seu povo atravessasse ambos, para aviso nosso.

O Mar Vermelho fala de separação do mundo. Quando as águas do Mar encobriram os Egípcios, Israel estava separado do Egito. Poderiam até ter saudades do Egito, como tiveram, mas não podiam voltar; o Mar os separava. O pecador salvo pela graça pode até ter saudades do mundo, lamentavelmente, mas ele não é mais do mundo, nunca mais pertencerá a ele. Cristo o separou.

O Rio Jordão fala de separação para a terra prometida. No deserto, Israel estava separado do Egito, mas com saudades. Não podiam voltar, mas queriam. Onze vezes lemos desta saudade do Egito. Depois de Josué cap. 4, porém, nunca mais Israel teve saudade do Egito, pois agora estavam na sua pátria, na terra que Deus lhes deu.

O Mar Vermelho fez Israel sair do Egito; o rio Jordão fez Israel entrar em Canaã.

Para usufruir das bênçãos que Deus tem preparado para você, é necessário que você tenha cruzado o Mar Vermelho (isto é, você precisa ser salvo) e também o Rio Jordão (isto é, você precisa estar em comunhão com Deus). Assim como muitos morreram no deserto, e duas tribos e meia escolheram ficar no deserto, assim também muitos cristãos estão acostumados a viver no deserto, uma vida árida, estéril, sem fruto. Mas não pode ser assim. Se somos salvos, se Cristo nos resgatou, “procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb 4:11).

Mas um cristão recem-convertido pergunta: “Como posso atravessar o Jordão? Como posso saber se estou vivendo em Canaã?” Olhemos para as três coisas mencionadas no início deste artigo.

Circuncisão (vs. 1-9)

A circuncisão fala de separação. Já temos mencionado que quando Israel atravessou o Jordão, cortaram o último vínculo com o Egito. O Senhor mandou que todos fossem circuncidados para demonstrar esta separação total, e disse então: “Hoje revolvi de sobre vós o opróbrio do Egito” (v. 9). Deus demonstra que o povo que entrou em Canaã não foi o mesmo que saiu do Egito. Os que atravessaram o Mar Vermelho morreram todos no deserto, e Deus “em seu lugar pôs a seus filhos” na terra prometida.

Para estar em comunhão com Deus, você precisa mudar! Deus não vai mudar para que você tenha comunhão com Ele; você é quem precisa ser diferente. Você precisa viver, na prática, aquela circuncisão da qual o Espírito fala em Colossenses 2, que consiste em deixar a velha natureza e passar a viver em novidade de vida. No instante em que crê, o pecador é salvo; já cruzou o Mar Vermelho! Mas há ainda muitas coisas que ele terá que deixar. Velhos hábitos, gírias, seu modo de se vestir, seu comportamento, etc. Estas coisas precisam estar sendo deixadas para trás.

Em outras palavras: se você, hoje, é a mesma pessoa do que quando creu, ou está agindo da mesma forma que antes da sua conversão, você está no deserto. Para estar em comunhão com Deus precisamos estar totalmente separados do mundo e do pecado, precisamos de circuncisão; precisamos mudar!

Celebração (vs. 10-12)

Ali em Gilgal, às margens do Rio Jordão, o povo celebrou a Páscoa pela terceira vez na sua história. A primeira foi a Páscoa da Redenção, quando o Senhor os livrou do Egito (Ex cap. 12). A segunda foi a Páscoa da Responsabilidade, quando o Senhor lhes mostrou suas responsabilidades e obrigações para com Ele, dando-lhes a Lei (Nm cap. 9). Esta é a Páscoa do Repouso, quando o Senhor finalmente lhes trouxe para dentro da terra prometida. O maná cessou (v. 12), e eles comeram do fruto da terra de Canaã (v. 11).

Aquele que vive no deserto só conhece o maná, o alimento simples. Aquele que entra em Canaã pode alimentar-se com o fruto da terra prometida. Irmãos e irmãs, estamos desfrutando das bênçãos que Deus nos reservou? Uma coisa é saber aquilo que Deus pode nos dar; outra coisa bem diferente é receber estas coisas, alimentar-se delas. Uma coisa é saber o que Deus nos promete; outra bem diferente é “herdar as promessas” (Hb 6:12).

Se nosso conhecimento das bênçãos de Deus se limita àquilo que outros nos contaram, estamos ainda no deserto. Se não temos conhecimento prático das bênçãos descritas na Bíblia, estamos ainda longe de Canaã.

Comunhão (vs. 13-15)

No final do capítulo, Josué tem um encontro com o próprio Senhor! Que cena preciosa! Com quanta alegria, temor, gozo e reverência Josué deve ter tirado as sandálias dos pés, maravilhado por estar em terra santa, na presença do Senhor!

Meu prezado irmão, você conhece esta experiência? Minha prezada irmã, você já esteve na presença do Senhor? Já passamos por experiências onde ficamos tão maravilhados por estar em comunhão com Ele, que reconhecemos a necessidade de “descalçar os pés”?

Todo cristão precisa disto. Em algum lugar e hora onde ninguém irá te incomodar, às vezes no meio da noite, longe de perturbações, procurar estar em comunhão com o Senhor, e conhecer a verdade do que disse o Salmista: “Na Tua presença há plenitude de alegrias; à Tua destra, delícias perpetuamente” (Salmo 16:11).

Se você não sabe o que é ter comunhão com Deus, vocês está no deserto.

Conclusão

Irmãos, “nem olho viu, nem ouvido ouviu, e nem jamais penetrou no coração humano as coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito” (I Co 2:9-10). Deus tem bênçãos espirituais que o mundo não pode conhecer. Estamos vivendo no prazer destas coisas? Estamos em comunhão com o Senhor, na terra prometida, ou estamos como Israel no deserto, tendo saudades do mundo do qual fomos libertos? Que Deus nos ajude a atravessarmos o Jordão, vivendo vidas novas, vivendo no gozo prático das bênçãos que Deus preparou para nós, vivendo em comunhão santa com um Deus santo! Nada aqui na terra pode se comparar com a alegria sublime de uma vida em comunhão com Deus!

W. J. Watterson

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