O profeta Habacuque viveu em dias que causavam muita perplexidade. Ele estava espantado com a condição espiritual da nação. Até quando será que Deus iria tolerar esta condição? Quando Deus lhe revelou que Ele estava prestes a usar a nação dos caldeus como Seu instrumento de juízo sobre Judá, o problema de Habacuque se transformou em profunda perplexidade. Como poderia Deus usar uma nação tão perversa para punir Judá? É este grande problema, e a sua solução, que ocupam os três capítulos deste livro.
Quase nem é necessário destacar que muitos do povo de Deus hoje em dia são crentes perplexos. As perguntas em nossa experiência parecem superar, em muito, as respostas. Muitos santos queridos têm que passar por provas e tribulações que não possuem uma resposta fácil. As palavras de conforto que usamos com tanta frequência parecem ser inúteis. Há muito pouco que pode ser dito que irá realmente responder ao clamor daquelas almas. Vamos, então, olhar para Habacuque e aprender, pela sua experiência, o que Deus quer ensinar.
No cap. 1, vemos sua mente cheia de perguntas; no segundo capítulo, seus olhos cheios de uma visão; e no cap. 3, seus lábios cheios de louvor. O que o ajudou a transpor o grande abismo entre o choro e a adoração? O que transformou o homem que estava afundando, no cap. 1, em um homem cujos pés eram como da corça, em 3:19? O que fez a perplexidade dar lugar ao louvor? Temos que examinar o cap. 2 para achar as respostas.
Habacuque sobe à sua torre (“guarda”, na versão Corrigida) para vigiar e esperar a resposta que Deus lhe daria. Uma palavra vem de Deus. Ele ordena a Habacuque que se prepare para escrever. Aqui está. Eis a explicação para tantas coisas inexplicáveis. E, para aumentar a expectativa, ele ainda é instruído a torná-la “bem legível”, como diz a versão Corrigida. Qual era, então, o grande segredo que foi revelado a Habacuque quando Deus falou com Ele? Simplesmente isto: “o justo viverá pela sua fé”. Aqui está, então, o primeiro princípio para mentes perplexas.
Um princípio para o guiar
Deus havia revelado, por outros profetas, Seus propósitos para Seu povo. Ele agora iria revelar a Habacuque a certeza destes propósitos. Somente a fé poderia ligar as circunstâncias atuais com as promessas futuras. Mas Deus havia prometido. Sua palavra era suficiente.Jó, séculos antes, não recebera uma resposta convincente para as suas provações. Quando todos os seus amigos haviam se calado, Deus se manifestou e ofereceu apenas a Sua soberania como base para tudo. Jó teve que aprender a se curvar perante Deus e aceitar tudo que Deus fizesse. Paulo não recebeu nenhuma explicação dos propósitos divinos quando ele pediu três vezes a Deus que removesse o espinho. O que ele alcançou foi graça. E quanto a José, e outros que viveram no meio da perplexidade e de aparentes contradições? Tudo o que tinham era a palavra infalível de Deus, na qual a fé poderia se firmar.
Somos confrontados com problemas que não possuem respostas simples. Não há explicação lógica possível. Só nos resta a palavra de Deus, que nos diz que tudo está sob o Seu controle, e que é permitido pela Sua sabedoria e poder. É só a fé que pode aceitar isto. A grande ênfase, no cristianismo moderno, dada à necessidade de entendermos tudo que ocorre em nossas vidas é uma exigência humana, e não divina. Muitas vezes temos que nos colocar lado a lado com os maiores heróis da Bíblia e viver pela fé, mesmo nas trevas (Isa. 50:10).
Habacuque não tinha apenas um princípio para o guiar, mas também
uma esperança para a qual olhar.
Aos olhos da fé, Deus revela que, apesar da nação dos caldeus estar crescendo e prestes a derrotar Judá, somente um reino iria prevalecer. “Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (v. 14). A Babilônia é vista no v. 12, construindo um império com sua iniquidade. Deus iria estabelecer um reino em contraste com todos os reinos terrenos.Esta grande esperança foi dada para animar Habacuque. Seus olhos agora poderiam ver, além do inimigo próximo, o propósito final de Deus. É somente com esta visão a longo prazo dos propósitos de Deus, revelados na Sua Palavra, que podemos nos elevar acima das questões individuais desta vida. Vendo o grande propósito de Deus, e a certeza deste, podemos ser transformados do Habacuque do cap. 1 para aquele do cap. 3.
Habacuque também recebeu
poder sobre o qual se apoiar.
No último versículo do cap. 2, lemos: “O Senhor, porém, está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a terra”. Nada pode frustrar a Deus e aos Seus propósitos. A ideia transmitida pelas palavras “cale-se” é a de silêncio reverente, e não silêncio devido ao medo ou a terror. Em contraste com os ídolos mudos dos vs. 18 e 19, nós é que deveríamos ficar mudos e permitir que Ele fale. Ele próprio é a resposta a todas as nossas perplexidades. Não há necessidade de explicações ou revelações. Ele próprio é a revelação, a explicação, a verdade.Esta resposta pode não ser suficiente para o mundo incrédulo, mas é a resposta que nosso Deus oferece ao Seu povo. Que nossos olhos estejam fitos na esperança, nossas mentes vendo as promessas, e nossos corações descansando no Seu poder.
A. J. Higgins
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