terça-feira, 29 de julho de 2014

O discipulado cristão (ii)

3. A iniciação no discipulado (Atos 11:19-26)



a) Pela conversão ao Mestre. Foi deste modo que eles alcançaram o conhecimento pessoal do Mestre. Diz-nos o versículo 26 do trecho acima indicado, que “os discípulos foram chamados cristãos”. Portanto, só pode ser discípulo quem é cristão. E como foi que aqueles homens tornaram-se cristãos? Unicamente por converterem-se a Cristo, que lhes foi apresentado. E é bom notar os termos usados para descrever essa apresentação.

Lemos, no versículo 19, que os cristãos que haviam sido dispersos pregaram a Palavra inicialmente apenas aos judeus. Não pregaram as suas próprias ideias, nem as ideias de uma seita ou religião, mas pregaram a Palavra de Deus. Afirma o versículo 20 que alguns deles, posteriormente, anunciaram também aos gentios o Evangelho do Senhor Jesus. Ouvindo esta mensagem eles creram e converteram-se ao Senhor. Esta é a única maneira como alguém pode tornar-se cristão e, consequentemente, discípulo do Senhor Jesus Cristo. Notemos, agora, mais duas coisas muito importantes que o relato deste trecho nos ensina:

I. O mestre deseja receber discípulos. Ele chamou o publicano Mateus, na coletoria: “Segue-me!” (Mate. 9:9) e os pecadores da Galileia: “Vinde após mim”. Mas Ele lançou também um carinhoso chamado a todos quantos queiram segui-Lo: “Vinde a mim todos... aprendei de mim” (Mt 11:28-30).

II. Alguém levou aquelas pessoas ao Mestre. Isto nos ensina sobre a nossa responsabilidade de interessarmos outros a conhecer o nosso insigne Mestre. Quão precioso é o serviço de levar pessoas à Cristo! Os discípulos dos antigos filósofos tinham como um dos seus grandes objetivos, levar outros para conhecerem o seu mestre e tornarem-se seus companheiros de discipulado. Não devemos nós ter esta mesma ambição? Foi essa ambição santa que motivou os primeiros discípulos em Antioquia. As pessoas podem procurar conhecer o Senhor motivados por um desejo pessoal de conhecê-Lo, mas isto é bastante difícil e, afinal, não temos o direito de esperar que isto aconteça, pois o Senhor nos ordena a tomar a iniciativa, ao dizer: “Ide, fazei discípulos” (Mt 28:19).

b) Pelo cultivo do relacionamento pessoal com o Mestre. Diz-nos o versículo 24 que eles “uniram-se ao Senhor”. O verdadeiro discípulo cristão é uma pessoa comprometida com o seu Mestre e quer estar constantemente aos pés dEle como um aprendiz humilde e atencioso, tal como Maria (Lc 10:39). É mediante o cultivo dessa doce comunhão que o discípulo pode conhecer melhor seu Mestre e, contemplando as Suas infinitas e incomparáveis glórias, dizer-Lhe com admiração cada vez maior: “Ó Cristo! Quão maravilhoso és! Tua beleza e glória não tem par! Quero adorar-Te e estar sempre aos Teus pés! E a Ti, Senhor, a primazia dar”.

Mas como alcançar esse objetivo? Somente pelo exame atento, sincero e constante da Palavra de Deus, a qual nos revela em plenitude a Pessoa bendita do amado Senhor, Salvador e Mestre, com oração fervorosa e sincera. Só assim o discípulo compreende que Cristo é para ele a pessoa mais importante e passa a viver na inteira dependência dEle. O discípulo nunca deve esquecer as afirmações do Mestre: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15:5) e: “Porque eu vivo, vós também vivereis” (Jo 14:19). Isto significa que o discípulo deixa de viver, para permitir que Cristo viva através dele, conforme a experiência de Paulo: “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:19-20).

c) Pela disposição de obedecer ao Mestre. Afirma o versículo 23 de Barnabé exortou aqueles discípulos “a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor”. Foi assim que ele prestariam uma obediência rigorosa aos ensinos do Mestre. Foi Ele quem recomendou: “Se vos permanecerdes na minha Palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. Isto confirma o fato de que não basta ter conhecimento intelectual da vontade do Mestre e que mais importante do que saber é praticar o Seu ensino. “Se sabeis estas coisas” – diz o Mestre – “bem-aventurados sois se as praticardes” (Jo 13:17). O discípulo de Cristo deve, como deviam os discípulos dos antigos mestres, empregar toda a capacidade da sua mente para aprender e todo o poder da sua vontade para praticar os ensinos de Cristo, mas ele tem sobre aqueles discípulos a grande vantagem de ser habitado pelo Espirito Santo que o ilumina e lhe revela as glórias do Mestre (Jo 14:16-17; 15:26; 16:13-14).

L. Soares

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