terça-feira, 29 de julho de 2014

Oração no livro de Gênesis (vii)

Isaque — a soberania de Deus

Ao falar de como Deus sempre cuidou dele enquanto trabalhava com Labão, Jacó se referiu a Ele como “o Deus de Abraão e o temor de Isaque” (Gn 31:42). Depois, no mesmo capítulo, o Espírito de Deus usa a mesma expressão: “E jurou Jacó pelo temor de seu pai Isaque” (v.53).

Embora haja relativamente pouco escrito acerca de Isaque, em comparação com Abraão, Jacó e José, estas palavras deixam bem claro que a característica mais destacada na sua vida foi o temor do Senhor. Foi esta a impressão que ficou com Jacó, mesmo depois de vinte anos longe de seu pai.

Considerando os quatro exemplos das orações de Isaque, embora muito curtas, temos a impressão de um homem sujeito à vontade soberana de Deus e dependente de Seu auxílio todo-suficiente, em todas as circunstâncias de sua vida; no luto, no nascimento de filhos, ao chegar e ao partir.

(1) Lamentando a Perda de sua Mãe (24:63). O versículo anterior diz que “Isaque vinha de onde se vem do poço de Beer-Laai-Roi”. Este poço foi chamado assim por causa da experiência que Agar teve da onisciência de Deus (Gn 16:13,14) — “O poço de Aquele que vive e me vê”. Consciente do olhar onisciente e sempre-compassivo de seu Deus, Isaque saiu a orar, no campo, à tarde. A palavra traduzida “orar” ocorre somente aqui nas Escrituras, e em outras versões é traduzida “meditar”. Porém, o último versículo de Gn 24 mostra, claramente, qual foi o assunto das orações, ou da meditação, de Isaque. Com a chegada da mulher que Deus lhe havia designado, Isaque finalmente “foi consolado depois da morte de sua mãe”. De fato, um comentário sugere que a palavra deve ser traduzida “lamentar”, em vez de “orar” ou “meditar”.

Sem dúvida estas três: lamentação, meditação e oração, são inextricavelmente ligadas umas às outras. Muitos exemplos, no livro dos Salmos, testificam disso. As duras realidades da morte e da eternidade, que tantas vezes levam o descrente ao desespero, impelem o verdadeiro crente à presença de seu Pai, para lamentar, meditar e procurar misericórdia e graça para ajudar no dia da sua angústia. Esta ocupação é espiritualmente sadia, como está escrito: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração” (Eclesiastes 7:2).

(2) Desejando a Descendência Prometida (25:21, 22). A simples submissão à soberania de Deus, que estes santos dos tempos primitivos manifestaram, na questão de concepção e nascimento, é um grande contraste com as atitudes modernas com respeito a estas coisas. Hoje em dia, tudo é baseado nos supostos direitos humanos para decidir se terão filhos, ou quantos terão. Alguns até querem determinar o sexo de seus filhos. Em uma ocasião Raquel se aproximou muito deste modo moderno de pensar, dizendo ao seu marido: “Dá-me filhos, se não morro”. A resposta piedosa de Jacó condena toda esta rebelião contra o Senhor: “Estou eu no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?” Só Deus é quem “dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (Atos 17:25).

Isaque reconheceu o controle total do Senhor em todas estas coisas. Assim ele “orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril”, e o Senhor, honrando a sua fé submissa, “ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu”.

Rebeca também, quando coisas estranhas aconteceram durante a gravidez, levou seu problema ao Senhor: “E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao Senhor” (Gn 25:22). A resposta do Senhor (v.23) demonstra que Ele quis ser soberano, não somente nestas coisas, mas também no futuro, na vida dos gêmeos Jacó e Esaú, como também nas duas nações que viriam da descendência deles (veja Rm 9:10-13).

(3) Mudando-se para uma Nova Habitação (26:25). “Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a sua tenda”. Depois de muitas contendas com os pastores de Gerar, Isaque finalmente achou um lugar para si, em Reobote. Mas logo depois disto mudou-se outra vez a Berseba, e evidentemente esta mudança foi de acordo com a vontade de Deus, pois: “Apareceu-lhe o Senhor naquela mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de Abraão teu pai; não temas, porque Eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo” (Gn 26:24).

Notamos que, em primeiro lugar, mesmo antes de armar a sua tenda no lugar novo, ele edificou um altar e invocou o nome do Senhor. Como nós também precisamos dar prioridade a isto, sempre orando que, na localidade onde, esperamos, Deus nos tem colocado, sejamos capacitados para manter um testemunho fiel e honrar Seu santo nome.

(4) Entregando um Filho Piedoso ao Senhor (28:3). Ao despedir Jacó, que tinha que fugir para escapar da ira de seu irmão e procurar uma mulher para si, na casa de Betuel, seu tio, Isaque orou: “Deus Todo-Poderoso te abençoe ...”. Enquanto devemos certamente orar a Deus por Sua bênção sobre cada um de nossos filhos, aqueles que manifestam alguma evidência da operação da graça de Deus nos seus corações devem ter um lugar especial em nossas orações. Serão sujeitos a perigos e tentações que crianças descrentes nunca experimentam, e, portanto, implorar a bênção e proteção de Deus por eles não é parcialidade, mas sim, uma necessidade.

Deus Todo-Poderoso era o temor de Isaque; na verdade, Ele foi seu único temor. Por causa disto Isaque não temeu nem o cutelo sacrifical de Abraão, nem a inveja e malícia dos filisteus. Porém, quando percebeu que quase havia abençoado Esaú, e claramente Deus queria que abençoasse Jacó, “então estremeceu Isaque de um estremecimento muito grande” (27:33). Que tenhamos graça para imitar Isaque, em obediência à palavra de Isaías: “Ao Senhor dos Exércitos, a Ele santificai; e seja Ele o vosso temor e seja Ele o vosso assombro” (Isaías 8:13); a fim de que, enquanto desfrutamos, com alegria, do relacionamento íntimo no qual fomos introduzidos com o Deus eterno, dizendo: “Pai nosso ...”, que nossa petição principal seja sempre: “santificado seja o Teu nome” (santificado em nossos corações e vidas, santificado em nossas famílias, santificado na igreja de Deus), porque “Teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.”

T. J. Blackman

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