terça-feira, 29 de julho de 2014

O discipulado cristão (i)

Leitura bíblica: Jo 15:13-20 e Lucas 14:25-33


Este é um assunto de magna importância para o cristão. Nem todos têm um comportamento digno como crentes, em grande parte pela falta de compreensão do fato de que ao converterem-se ao Senhor Jesus Cristo abraçaram a carreira do discipulado. Para um melhor entendimento deste estudo, subordinamo-lo às seguintes divisões.

I - Conceitos básicos de discipulado.
II - Conhecendo o Mestre.
III - As condições do discipulado.
IV - O custo do discipulado.
V - A glória do discipulado.

I - Conceitos básicos de discipulado

1. Uma definição geral de discipulado.

a) A terminologia. Quatro termos são inseparáveis desta definição: discipulado, discípulo, mestre (ou professor) e ensino. Onde há discipulado tem de haver discípulo, onde há discípulo tem de haver mestre, do qual se espera o ensino. Consideremos cada um destes termos individualmente:

i. Discipulado. São duas as definições conhecidas deste vocábulo. Uma define-o como “o estado, ou condição de discípulo”, enquanto outra afirma ser “o conjunto de alunos de uma escola”. Entendemos, porém, que, sem excluir as outras, podemos dar ao termo uma definição mais prática: discipulado é um sistema elaborado por um mestre, ao qual o discípulo tem de aderir e cujas ideias, doutrinas ou normas tem de aprender e obedecer.

ii. Discípulo é aprendiz, aluno. Nos tempos antigos era alguém que seguia um mestre com o fim de aprender e pôr em prática as suas instruções. Andar com o mestre, aprender do mestre e obedecer aos seus ensinos era o que caracterizava alguém como discípulo.

O termo veio a ter também um sentido mais amplo, indicando os seguidores das ideias, ensinos ou práticas de alguém. Este sentido ainda hoje é muito usado.

iii. Mestre é professor, ensinador, ministrador de conhecimentos.

iv. Ensino é a arte de transmitir conhecimentos e o conteúdo dos conhecimentos a serem transmitidos.

b) Alguns exemplos da relação mestre discípulo. A história apresenta, entre muitos outros, os exemplos dos antigos filósofos: Sócrates, Platão, Aristóteles, bem como os rabis judeus, os quais recebiam discípulos que os serviam e reconheciam a sua absoluta autoridade e deles recebiam ensino. Estes rabis responsabilizavam-se pelos alunos, inclusive providenciando-lhes alimento e hospedagem.

A Bíblia fala sobre os discípulos de João Batista (Mt 9:14), dos fariseus (Mt 22:15-16), do Senhor Jesus (Mt 10:1) e, naquele último sentido, de Moisés (Jo 9:28).

c) A relação com o cristianismo. O discipulado cristão pressupõe exatamente estes conceitos, sendo Cristo o Mestre e os crentes são os discípulos. Mas há uma diferença fundamental: o discípulo de Cristo não segue a um mestre qualquer. Todos os grandes mestres do passado morreram e seus ensinos foram, no todo ou em parte, ultrapassados. Cristo, porém, é o maior de todos os mestres. Sua autoridade é incontestável, quer quanto ao ensino (Mt 7:29), quer quanto ao comando dos Seus discípulos (Mt 28:18). Sua sabedoria é inefável (Col. 2:2) e os Seus ensinos são incomparáveis — jamais alguém falou como Ele (Jo 7:46) — são os mais seguros porque “são espírito e são vida” (Jo 6:63). Suas palavras são eternas, nunca perderão o seu valor (Mt 24:35). Ao contrário dos mestres mortais que este mundo tem conhecido, Cristo está sempre vivo e sempre presente (Apo. 1:17-18; Mt 28:20). E os discípulos são por Ele chamados para O seguirem, servirem, aprenderem dEle e obedecerem a Ele. Por outro lado, Ele compromete-se a cuidar carinhosamente de todos quantos O seguem. O discipulado cristão é mais que uma simples adesão. É uma vinculação à Pessoa e aos ensinos do Mestre. É uma gloriosa carreira proposta aos discípulos (Heb 12:1).

2. Requisitos essenciais ao discipulado.

a) Conhecimento pessoal do mestre. Para tornar-se discípulo não bastava conhecer o mestre pelo nome. Era necessário que o interessado procurasse o mestre e entrasse em contato com ele. Alguém que já fosse discípulo poderia ser um meio para colocar a pessoa interessada em contato com o mestre. A pessoa podia ser levada por alguém, ou podia esforçar-se por chegar ao mestre sem qualquer intermediário, mas somente pela aproximação ao mestre podia alguém tornar-se discípulo.

b) Relacionamento pessoal com o mestre. Uma vez aproximando-se do mestre e conhecendo-o pessoalmente, tinha o interessado de assumir o compromisso de acompanhá-lo por onde quer que fosse e manter um relacionamento pessoal diário, ficando aos seus pés para ouvi-lo e aprender os seus ensinos. O mestre passava a ser a pessoa mais importante para o discípulo. Alguém de quem ele dependia em tudo.

c) Obediência rigorosa aos ensinos do mestre. Como já vimos, o discípulo tem de reconhecer a autoridade absoluta do mestre. Não é suficiente assimilar intelectualmente os seus ensinos, mas ao mesmo tempo em que o discípulo emprega toda a capacidade da sua mente para aprender, ele tem de empregar todo o poder da sua vontade para pôr em prática o que aprendeu.

d) A aplicação óbvia ao cristianismo. São estes os mesmos requisitos exigidos no discipulado cristão. Vejamos, então, a seguir, quem é, realmente, discípulo e como são estes requisitos aplicáveis ao discipulado cristão.

L. Soares

Nenhum comentário:

Postar um comentário